Coisas da gaveta


"A flautista".
Encontrei esse aí na gaveta dos desenhos que eu nunca vou terminar, dos projetos que nunca vão sair do papel e das palavras que eu nunca vou dizer.

Portas





Nunca consegui escapar dos clichês da vida. Quando criança, também me fizeram aquela indefectível pergunta: o que você vai ser quando crescer? Eu não sabia, mas respondi imediatamente que queria ser médica. Olhei-me no espelho e me imaginei de branco, estetoscópio do pescoço, o sorriso bondoso de quem cuida de crianças. E finalmente descobri. Descobri fundo, profundo descobri: o espelho, se visto bem de perto, é uma porta. Abre-se, desde dentro, de outro lado, desinverso. E uma porta é um mundo de esquecidas esperanças.

Hoje bem sei que quero ser uma construtora de portas.

[Trecho de um texto de dois-mil-e-antes-da-faculdade]
[Desenho de Gervasio Troche]

Rastros


Só pra constar: não colou.

Sujeira



Escondendo os problemas que eu não posso jogar fora, pra não precisar lidar com eles por enquanto.
Maturidade, cadê?

Público


Princípio das minhas apresentações de seminário.
E outras tantas coisas da vida.

O dia


E justamente quando parece que você levou um tiro de bazuca no peito, todo mundo que surge na sua frente é a pessoa-contagiante-super-de-bem-com-a-vida.

[Tirinha de 2006 ou 2007)